Se há dez anos alguém te dissesse que seria possível ter uma conta em um banco sem nenhuma agência física, você acreditaria? Confiaria seu dinheiro a este banco? A resposta provavelmente seria não. No entanto, o caminho dos bancos digitais já estava sendo trilhado neste período.
No Brasil, essas instituições só foram surgir em 2016, após a regulamentação do Conselho Monetário Nacional. A proposta parecia um pouco ousada com 100% dos serviços online, da abertura da conta bancária ao esclarecimento de dúvidas, mas deu certo. Atualmente, a maioria das necessidades já é resolvida por meio do computador ou aplicativo, transformando as funções dos profissionais como gerentes ou caixas.
Os bancos digitais trouxeram mais que comodidade e redução de burocracia para diversos serviços. Querem também reduzir o valor de tarifas, resolver questões de conflitos de interesses e trazer mais transparência aos processos.
E apesar do receio inicial das pessoas, os bancos virtuais se mostraram bastante seguros e conquistaram a aderência de 42% dos brasileiros, segundo dados deste ano do Instituto Locomotiva. A aceitação é ainda maior entre os jovens de 18 a 29 anos, em que 17% deles têm contas apenas neste formato, uma vez que são mais abertos a inovação e familiarizados com a tecnologia.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, a necessidade do distanciamento social fez com que muitos processos de digitalização fossem acelerados, assim como a adaptação de correntistas que não estavam habituados a resolver pendências do dia a dia com alguns cliques ou toques no celular. Desta forma, até mesmo aqueles que tinham suas dúvidas sobre a confiabilidade e segurança dos serviços digitais foram obrigados a utilizá-los e entenderam que é um caminho sem volta – e muito positivo.
Novidades no setor
As novidades neste setor são bastante recentes no país. Em 1968, houve o lançamento do primeiro cartão de crédito e somente em 1983 é que apareceu o primeiro caixa eletrônico. O boleto bancário surgiu no início dos anos 90 enquanto a Transferência Eletrônica Disponível (TED) só deu as caras por aqui no princípio dos anos 2000.
Porém, a maior inovação do momento é o famoso Pix. Alvo de inúmeras desconfianças, este método de transferência bancária foi aprovado pelo Banco Central e implementado em novembro de 2020. Ele permite que aconteçam pagamentos instantâneos –até mesmo durante os fins de semana– para pessoas físicas e jurídicas sem a cobrança de nenhuma taxa, no caso das pessoas físicas. Já era hora!
Por outro lado, até meados de novembro deste ano, não era possível cancelar a transação ou fazer o estorno de valores que tenham sido enviados erroneamente. Isso parece estar em vias de acontecer. O Banco Central está realizando uma padronização de regras e procedimentos para viabilizar a devolução de valores por meio das instituições de quem recebeu a transferência. Casos de pagamento em duplicidade ou até mesmo fraudes poderão ser evitados, e os clientes ressarcidos.
Além disso, já foram anunciadas as novidades de saque, em que será possível retirar dinheiro em qualquer ponto que ofertar o serviço. E troco, que permitirá que um Pix pague a conta e o troco seja feito em espécie. Essas transações constarão no extrato bancário –até mesmo o valor devolvido.
O método também disponibilizará a opção de pagamento por aproximação, que se tornou ainda mais popular com os cartões de crédito durante a pandemia. A ideia é que, com o próprio smartphone, seja possível fazer a leitura magnética de dados ou de um código QR para iniciar o processo de pagamento.
O que esperar para 2022?
Como já disse, a digitalização dos bancos e de seus serviços é um caminho sem volta. Porém, ainda está longe de ter uma aderência satisfatória, uma vez que mais de 34 milhões de brasileiros são desbancarizados.
Ainda assim, o cenário é promissor. Para ganhar –ou não perder– clientes, as instituições financeiras estão focando cada vez mais em experiência dos usuários e na personalização do atendimento. Com isso, vão otimizar a liberação de empréstimos, a oferta de pacotes de investimentos e até mesmo a consultoria para gestão financeira.
Se em dois anos de pandemia tivemos uma evolução bastante positiva com relação às inovações e desenvolvimento tecnológico do setor, não se pode esperar menos para o próximo ano. Cabe aos bancos –sejam eles digitais ou digitalizados– entender as necessidades dos seus clientes e buscar soluções que os atendam, antes que fiquem pra trás, apegados a antigos processos e taxas.
Fonte: Febraban | Alessandra Montini - diretora do LabData da FIA – Laboratório de Análise de Dados, além de membro do Conselho Curador da FIA.